segunda-feira, 21 de maio de 2007

Os Dois - Parte 2


Ele no caminho sentiu um leão em seu abdômen, mas de um jeito louco e engraçado deveriam haver milhares de borboletas ali também, rodeando o tal leão. Era um mistura de sensações, claro que todas muitos boas, e bem, a hora estava chegando.

Ela sentiu que a hora já havia chegado, e entrou. Viu todos os olhos presentes a observando, mas sentiu falta apenas de um olhar em especial. Tirou isso da cabeça na mesma hora, e começou a andar, lentamente, para o altar.

Ele se viu diante do lugar, onde soubera através de um antigo amigo, que agora ela estava morando. Um prédio que era a cara dela: aconchegante, arrojado e bonito. Ele tocou no número 21.

Ela ainda estava caminhando, mais lentamente do que esperava, e naqueles minutos, que pareceram horas, permitiu passar a vida em sua mente. Momentos agradáveis, lindos, intensos. E sempre com um alguém ao seu lado. Pelo menos um sempre que era a partir do momento em que os dois haviam se conhecido.

Ele aguardou ansioso, lembrando de um dia especial onde ela dissera que o amava, ele já tinha dito a ela há algum tempo, e então ela confirmou para ele que era amor eterno, que mesmo que desbotasse ou passasse seria para sempre, porque era verdadeiro.

Ela pensou: “Por que você não me procurou mais? Por que você sumiu?”. E se lembrou do ultimo momento juntos, da briga, das declarações, da raiva indevida e da falta de maturidade de ambos.

Ele estranhou a demora. E sentiu o coração apertar. Será que não estava mais ali? Seria esse um sinal, ou um aviso de que ele demorara demais? Uma tristeza o ocorreu, como poderia ter ido mais cedo se a compreensão, o amadurecimento e o tempo tinham sido necessários para tudo se encaixar e ficar real.

Ela chegou ao final do caminho. E o outro lhe sorriu. Ela retribuiu o sorriso, mas de forma enojada pensou que o sorriso não era o mesmo que ela costumava sorrir para aquele que sumiu. Não era tão verdadeiro, e inclusive, não era tão feliz. Mas... e agora?

Ele não queria desistir, não podia. Ele tocou novamente, e esperou, como se aquele momento fosse uma eternidade. Não entendia a demora, mas tinha esperança.

Ela ouviu palavras até chegar o ponto onde quem deveria falar era ela. Sentia-se grandemente desencontrada, porque esses sentimentos passados? Logo agora... será que... não seriam tão passados assim?

Ele então percebeu que talvez, de uma maneira incrível, aquele não era o momento, e talvez... nunca tivesse sido. E se ela já estivesse com outro, com outra vida totalmente diferente? Sentiu medo... e recuou.

Ela respondeu. Não o que sempre sonhara, da forma que sempre desejara, àquela pessoa que dominava seu coração. Foi uma palavra curta, emocionada, triste. Seu par não compreendeu, muito menos as testemunhas presentes.

Ele saiu andando pela tal cidade que ele abandonara. O tempo estava tão agradável, um sol bonito e aconchegante brilhava no céu dessa cidade. Seria tão bom poder passear com ela e simplesmente conversar, ouvir sua voz.

Ela largou o buquê e saiu, não mais devagar como tinha sido, mas rapidamente, passos largos que se tornaram uma corrida desenfreada e sem rumo. Queria ir aonde quer que seus passos a levassem. Queria poder parar de viajar em pensamentos e simplesmente descansar, ou quem sabe acordar... Teria isso sido um sonho?

Ele resolveu que talvez fosse tempo de voltar, afinal de contas, desde o fatídico dia em que se separam, ele saiu numa busca por si mesmo através do mundo, entres tantos lugares que acrescentaram valores, confiança e um auto-conhecimento incompleto, já que faltava o convívio e a presença de seu grande amor.

Ela chegou à praia. Um lugar querido, que lhe trazia calma, paz, encontro. E resolveu ficar ali. Sentou-se à beira e quis se ver, se sentir. Nada mais era claro ou seguro. E as lágrimas a estavam seguindo fielmente havia um bom tempo. Só desejava ficar ali, consigo mesma.

Ele encontrou um banco numa praça, onde pode rever sua vida nesses últimos longos anos. Tentara, era verdade, ter outros amores, em outros braços, achar outros sorrisos, se encontrar em outros passos... Mas não conseguiu. Ela tinha sido o maior, seja o que quer que todo aquele turbilhão de sentimentos e emoções tivessem sido, ela tinha sido o maior.

Ela viu que o tempo estava passando, mas que não podia ficar ali pra sempre, até porque isso era fugir, e ela não queria, agora estava voltado a si, em momento algum magoar o outro, ela só queria se encontrar e poder ser feliz. Entretanto não queria que isso fosse a infelicidade do outro.

Ele pensou em talvez regressar... E finalmente voltar a ter um lar. Mesmo que fosse sem ela, talvez o fato de voltar o confortasse de alguma forma. Mas pensou que não seria justo impor a presença dele na cidade que agora, talvez, fosse dela, tipo um território – “Eu parti há tanto tempo atrás...”

Ela viu o outro. Ali. Parado a observando. E pensou quanto tempo realmente passara e a quanto tempo ele realmente estava ali. E o outro caminhou em direção a ela, que sentiu um grande aperto dentro do peito. O outro se agachou ao lado dela.

Ele pensou em rever. Estava ali para enfrentar seu coração, e estar com ela, mas já que não tinha sido possível pensou em rever os seus que tinham ficado ali naquela cidade. Mas se deu conta de que bem... Não estava preparado para rever os outros, somente ela, aquela que tanto desejara.

Ela olhou para o outro, que ao invés que raiva trazia ternura no olhar. E lhe sorriu um sorriso calmo, compreensivo, amigo. Ela não pode se conter e viu novamente as lágrimas em seu rosto. O outro tentou enxugar mas ela já estava em seus braços, numa atitude que buscava consolo e ao mesmo tempo pedia perdão.

Ele sorriu, havia tempo que não se achava em duvida, que não sentia que não sabia o que realmente fazer. Resolveu então que estava com fome, e que se lembrava de uma certa goiabeira, onde os dois costumavam subir e passar horas. Foi até lá.

Ela conversou com o outro. E viu que por mais difícil que fosse o outro a perdoou, e que não iria guardar ressentimentos, queria que ela fosse feliz, e queria também ser feliz, e como poderia se na verdade não iria casar-se com o total dela. De que servia ter partes? Descobriram então que eram grandes amigos, grandes ombros, e que poderiam se ter para sempre nesse sentimento.

Ele se achou naquele lugar que não via há tanto tempo. Pegou algumas goiabas, e naquela árvore cheia de histórias ele adormeceu.

Ela já estava em casa. O outro a acompanhou prometendo que finais não precisam ser feios ou ruins. Ela desejou que nunca tivesse ocorrido o fim com ele. O outro a beijou no rosto e se despediu dizendo um “Até logo!”. Ela apenas sorriu. Após um longo banho se trocou e ao invés da cama, caminhou para a varanda e de forma engraçada se lembrou de um lugar que gostaria de ir, uma antiga goiabeira cheia de histórias.

[continua]

3 comentários:

Anônimo disse...

Estou torcendo por elesss!!!

lirasantista disse...

hehe, essa história vai longe.
Tá muito bem trabalhada.
Ah! Faz uma visitinha no meu blog de vez em quando. bj

Daniel disse...

romântico ...

tem algo de pessoal ai ??